domingo, 24 de julho de 2011

Go to rehab? No, no, no.

A pele branca e maltratada. Algumas veias já saltavam. Uma mulher envelhecida pela própria juventude libertina. Dona de um corpo minguado, sem graça, sem vida. Apenas ossos e pele compunham aquela figura paradoxalmente majestosa. A coroa, seu cabelo. Fios e mais fios dentro de um penteado único, algo um pouco retrô, um pouco moderno. Amy Winehouse era assim, única. Não seguia tendências, não se adequava ao mundo, não se adaptava à vida. Era dona de uma voz impecavelmente forte, em contrapartida com seu corpo fraco.



A primeira vez que ouvi sua voz foi ao som de Rehab. Fiz, em minha cabeça, a imagem de uma negra, gorda, grande, forte, bela, com a pele lisa e um grande e branco sorriso no rosto. Aquela música era viciante, passava dias e dias a fio repetindo as palavras com minha voz de taquara rachada. Até que resolvi procurar na internet os clipes da Amy Winehouse que, até então, desconhecia. Impressionei-me ao vê-la pequenina, branquinha, toda esquisita. Sua voz me arrepiava - e ainda me arrepia. É algo que mexe com meu interior, me tira de mim, me faz viajar em um sonho de águas mansas em volta de um maremoto.

Amy era usuária de drogas. Por vezes chegou a ser internada em clínicas de reabilitação. Por vezes se apresentou em seus shows em estado deplorável, consumida pelo ácool e pelas drogas. Por vezes nem conseguiu subir ao palco, por volta do qual fãs enlouquecidos se decepcionavam. Agora eu consigo entender o porquê daquele corpo franzino, aquele rosto sofrido, aquela veia gritando em seu corpo. Amy era dona de um talento inigualável, tinha uma voz única, digno de uma verdadeira diva. A sua libertinagem a tornou uma antidiva. Seu talento foi disperdiçado, e hoje temos apenas algumas músicas gravadas com sua voz. Digo apenas algumas porque, aos 27 anos, Amy Winehouse cansou de viver. Cansou de se drogar, cansou de decepcionar seus fãs, cansou de tentar. Morreu em sua casa, deixando um legado musical maravilhoso, porém curto.

Eu acredito que, onde quer que ela esteja, alguém deve perguntar a ela: "E aí, Amy. Aprendeu a lição? Vai voltar ou não pra rehab?"
E ela, assertivamente, responderá: "Go to rehab? No, no, no."

Um adeus definitivo à mulher que adiou a morte. Um adeus à mulher que emprestou sua alma à música em troca de absolutamente nada. Um adeus a uma pequena parte da música, que também cedeu sua alma a uma mulher que não só viveu, mas viveu morrendo.


2 comentários:

  1. Que lindo *.*

    É triste ve-la partir. Apesar de não conhecer a fundo o trabalho dela, admirava-a pela personalidade 'old fashion'.
    Fico com "Back to Black", na qual ela declarava já ter modido uma centena de vezes.

    She went to 'rehab' and we go 'back to black'

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  2. Vai fazer falta....fato, tanto pelos escândalos quanto pela música...pq afinal, o que é o mundo dos famosos sem um bafafá de vez em quando não é???

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