sábado, 16 de julho de 2011

10 segundos de reflexão sobre o amor.

Certa vez eu estava voltando de um barzinho com alguns poucos - e bons - amigos no metrô. Estávamos felizes, libertos, um pouco alcoolizados pela noite quente e sedutora que se desabrochava. O papo tinha altos e baixos, razões e devaneios, amores e desamores. "Depois que meu ex me chifrou, nunca mais quero amar de novo". Alguém lançou essa. Eu parei, baixei a cabeça, fiz minha reflexão de dez segundos, e segui com o papo que levávamos. Segui, mas não com a mesma felicidade de antes. O sorriso em meu rosto provavelmente transmitia algo de preocupante. Meus olhos já não brilhavam de empolgação, mas de um tantinho de lágrima que começava a se formar. Agora, faço questão de transmitir, por meio das palavras, aqueles dez segundos intermináveis e complexos de reflexão.

"Depois que meu ex me chifrou, nunca mais quero amar de novo."

1 - O termo chifrar é muito triste. A traição é algo dolorosa, que consome nosso estado de espírito. Trair significa o mais alto nível de desamor e desrespeito que pode haver por alguém. Significa que todo aquele amor, aquele tesão, aquele carinho que você recebia de alguém está sendo transmitido a outra pessoa, a outro corpo. Significa que todas aquelas promessas feitas em uma troca de olhares foram rompidas, como a uma corrente que, aparentemente de ferro, se quebra ao meio revelando sua verdadeira constituição fraca e opaca. Não consigo compreender o motivo da traição, o motivo da quebra de promessas silenciosas.

2 - A palavra nunca também é muito forte. Tem um poder de privação inigualável. Nunca é nunca, e não tem meio termo. Como seria possível nunca amar novamente? Nunca mais sentir aquele friozinho na barriga ao se aproximar de alguém? Nunca mais se envergonhar por ter sido visto dançando ridiculamente por alguém? Nunca mais ouvir "eu te quero pra sempre"? Amar é quase sinônimo de viver. Aquele que não ama, não vive. Amar é degustar, é observar, é sentir, é não ter medo.

3 - Fiquei triste pelo depoimento infeliz da pessoa. Isso só mostra que as pessoas se baseiam em relacionamentos passados para construírem - ou deixarem de construir - relacionamentos futuros. E acaba ficando assim, sem envolvimento, sem paixão, sem alma. Não querer amar é ter medo. De ser "chifrado" novamente? Pode ser. Mas sem se permitir amar, nunca saberá se aquele frio na barriga, se aquela vergonha pela dança ridícula, ou se a voz ecoando no ouvido "eu te quero para sempre" serão novamente fatos verdadeiros ou não. E ficará assim, na dúvida, no "chove não molha".

4 - Essa pessoa que me desculpe, mas sou 100% contrário a sua opinião. Eu não quero ficar na dúvida. Eu me permito amar. Eu me permito usufruir de todas as sensações, boas ou ruins, que o amor me dá. Eu constituo minha vida pelo amor. Eu amo sem medos, sem mais nem menos. Eu vivo o amor.

2 comentários:

  1. Eu amo, me enttrego e me permito sentir frios na barriga, apertos no coração, dançar e falar ridiculamente quando estou amando. Me permito amar e ser amada. Me permito ser feliz com toda a forma de amor.

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  2. Esse post esta cheio de profundidade e complexidade.
    Muitos não tem isso.
    Vc esta aberto ao amor amigo, mas para isso tem que ter noção do preço a pagar sempre! Muitas vezes entregamos sentimentos mais puros e podemos descobrir que o sentimento que deveria (na nossa cabeça) ser dispensado a você, é dispensado a outra pessoa, seja em qualquer setor da vida. Trainção esta em toda parte, corações nobres não...Viva a coragem!

    Larissa Berbel

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